Moçambique: O gás maldito!
(As fotos estão a chocar o país e o mundo não quer ver)
Moçambique foi o país que abraçamos desde o ano 1500
“Desde cerca de 1500, os postos e fortalezas comerciais portuguesas acabaram com a hegemonia comercial e militar árabe na região, tornando-se portas regulares da nova rota marítima europeia para o oriente. A viagem de Vasco da Gama em torno do Cabo da Boa Esperança em 1498 marcou a entrada portuguesa no comércio, política e cultura da região.
“…Os portugueses conquistaram o controle da Ilha de Moçambique e da cidade portuária de Sofala (Beira(?) no início do século XVI e, por volta da década de 1530, grupos de comerciantes e garimpeiros portugueses que procuravam ouro penetraram nas regiões do interior do país, onde montaram as guarnições e feitorias de Sena e Tete, no rio Zambeze, e tentaram obter o controle exclusivo sobre o comércio de ouro. Tentaram legitimar e consolidar a sua posição comercial através da criação dos Prazos da Coroa (um tipo de sesmaria), que eram ligados à administração de Portugal….” Wikipédia.
Com muita dedicação e empenho construímos um país com cidades à “imagem das europeias”, para em 25 de Junho de 1975, entregar à Frelimo para governar.

Lourenço Marques, a linda cidade das Acácias…
– Com a entrega do país à Frelimo assistiu-se no partido à luta pelo poder. Com o assassinato e envio para “campos de reeducação” dos seus opositores.
– Surgiram os confrontos com o partido Renamo. Que felizmente terminaram com um acordo.
– Fizeram-se detenções sem motivos. Apareceram os raptos e assaltos com mortes violentas! Sem que as forças da (des)ordem consigam prender os raptores e assassinos.
– A corrupção, o suborno, as negociatas, o clientelismo e recentemente o negócio da droga instalaram-se no país. Com governo sem meios(?) para actuar.
– Quando começou a exploração do gás natural no distrito de Cabo Delgado os moçambicanos, com razão, sonhavam com uma vida melhor. Mas o governo por desleixo, falta de segurança e abandono das populações do norte em detrimento das do sul, transformou este sonho no seu maior pesadelo! Apareceu o terrorismo no distrito.
O jornal moçambicano “O País” de 10.Fev.2023 na sua página de economia refere que: “O maior projecto de gás natural liderado pela TotalEnergies suspendeu as suas actividades em Cabo Delgado no ano de 2021 e como consequência os investimentos no país reduziram-se drasticamente…” A partir desse ano o terrorismo tem aumentado no distrito. Os violentos confrontos entre militares e os terroristas do grupo “jihadista” do Estado Islâmico têm provocado a fuga das populações, raptos e muitas mortes com crimes hediondos e de barbárie para espalharem o terror.

Militares no teatro de operações em Cabo Delgado
Sobre estes confrontos, o jornal “Evidências” de 07.fev.2023 diz:
“Ataques intensificam-se em Meluco e Muidumbe e há́ relatos de raptos em Mueda. Terroristas causam 15 mortos na aldeia Iba e armam emboscada na N380.
Na semana passada (fevereiro 2023) e princípio da seguinte, os distritos a Norte e Centro de Cabo Delgado foram fustigados por uma série de ataques que antecederam a vinda do PCA da TotalEnergies. O primeiro grande ataque foi relatado na passada terça-feira, (fim de Janeiro) ao princípio da noite, que resultou na morte de, pelo menos, 15 pessoas na aldeia de Iba. O mesmo grupo no dia seguinte, emboscou três viaturas nas proximidades da aldeia Nangololo, no distrito de Meluco, antes de uma troca de tiros com elementos da Força Local…..”

Grupo de extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado
Refere que o Estado Islâmico já reivindicou o ataque e os raptos“… Através de um comunicado, disponibilizado pelos meios de propaganda, o Estado Islâmico reivindicou, no princípio de Fevereiro, o ataque à aldeia de Iba, onde diz ter morto 13 elementos da força local também conhecidos por “naparamas”. Uns foram mortos a tiro e outro por decapitação, um foi capturado assim como 6 metralhadoras…”
São estas fotos que o mundo não quer ver! Da barbárie cometida por terroristas moçambicanos ligados ao Estado Islâmico, e chocam quem as vê.
(Atenção: Fotos improprias para pessoas sensíveis)
Depois desta chacina o Chefe do Estado-maior das forças armadas moçambicanas, Joaquim Mangrasse, garantiu: “… Que na semana em que os terroristas intensificaram os ataques, já há tranquilidade em Cabo Delgado… e que “ Os terroristas já mostraram a sua imprevisibilidade quando, numa altura em que as Forças de Defesa e Segurança moçambicana lhe apertavam o cerco na província de Cabo Delgado, eles protagonizaram ataques nas províncias de Nampula e Niassa…”

O presidente Filipe Nyusi ao centro ladeado pelos Chefes militares
Não me revejo nas garantias de tranquilidade dadas pelo chefe do Estado-maior, Joaquim Mangrasse. Porque as fotos mostram que esta violência está sem controle e vai gerar muito mais violência!
Eu que já fiz de Moçambique a minha pátria tinha como dado adquirido que, até ao 25.Abr.1974, a maioria do povo moçambicano era “gente cordata de bem e paz”! Mas com tudo o que se passou a seguir à independência: – a insegurança, as perseguições, raptos, assassinatos; e agora ao ver a barbárie em Cabo Delgado tenho de acreditar que, as populações dos distritos ricos fomentam o ódio, raptos e a barbárie entre elas.
Como, segundo o Chefe do Estado-maior, o terrorismo já se está a estender às províncias de Nampula e Niassa, tenho para mim que estes ataques vão ao encontro do que Samora Machel mais temia: – A divisão do País.
O Moçambique de ontem já foi!…O de hoje está a acontecer!
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno…. Muito pequeno!
João Santos Costa – Março de 2023
16 Comentários
Angelina
Amigo João parabéns pelo seu artigo!
É com muita tristeza que li e que vejo tanta desgraça para o povo Moçambicano, pois a sede do poder e a ganância do dinheiro destroi o próprio ser humano e um país maravilhoso como era o ” nosso” Moçambique .
Que Deus tenha piedade dos inocentes e principalmente as crianças 🙏🏼
Célia
João e Carlos Silva fizeram uma boa descrição de Moçambique atual. Todos os bens que a Frelimo hoje usufrui foram deixados lá por nós, numa bandeja dourada, prontos a serem explorados. É triste ver que nem Portugal, nem Moçambique foram capazes de aproveitar tudo o que aquela terra tem de bom. Podiam fazer o bem para o povo e em vez disso matam-se uns aos outros por ideologias e religiões absurdas. Mas agora não me interessa, tenho pena, mas não me afeta. Ficou a saudade da vida vivida noutro tempo em que aquele era o nosso país.
Manuel Martins Terra
Caro amigo João, na verdade o gás natural que deveria trazer riqueza ao país, contribuindo para o bem estar do povo moçambicano, transformou-se numa maldição e uma bênção para muita gente que partilha entre si esta davida da natureza. As populações de Cabo Delgado, têm a vida infernizada e é vê-las com as famílias e haveres às costa, a procura de refugios que os aliviem a sua dor e sofrimento. Aos governantes não lhes falta dinheiro, para pagarem a grupos marcenarios russos e ao contigentes ruandeses, para os protegerem dos invasores que procuram também dividendos. Armas e drogas, continuam a entrar sem entraves pelo Canal de Moçambique, através de meios sofisticados porque um país com uma costa que se estende de Maputo até ao Rovuma, não possui polícia maritima e muito menos a Marinha. Sendo assim tudo se torna fácil, para a rede de traficantes. Pobre povo moçambicano, vai para 50 anos, que não conhecem o significado da palavra paz. Um abraço João, do amigo Manel.
jose alexandre russell
Dizes no inicio que a 25 de Junho de 1975 Moçambique foi entregue à Frelimo para governar. Eu direi para se governar. Um paraíso que se transformou num inferno. E o que acontece em Cabo Delgado é o princípio da reconquista do Norte de Moçambique pelos radicais árabes. Moçambique já era. Paz à sua alma.
josé carlos alves da silva
Belo retrato amigo João Costa. Infelizmente tem o que merecem. Correram connosco? C’est lá vie. Abraço
Joao Gouveia
É bem verdade o que dizes no artigo João. O narcotráfico tem sido uma das grandes armas e a que muita gente importante e governamental está ligado. Daí que eu não acredite que essa guerrilha vá acabar tão cedo. Samora sabia bem que a ganância e a luta interna podia destruir o País.
Um abraço.
nino ughetto
é triste ,mas o que estavam a espera ??? De quem é a culpa desses desastre actual ??? Nào sào os responsaveis poiticos ‘portugueses)que entregaram tudo numa bandeja ??? Eses crime sào como sempre efectuados por la religiào de paz o maldito e satanique Ismame E o que fae a famosa ONU ? aaaahh esqueci:me estao ocupados com a Ucrania
Wanda Serra
Hi João Santos COSTA
Mto obgda por mais um excelente artigo.
Alias todos mais que excelentes.
Parabéns e tb pela tua coragem de o descreveres.
O meu coração ficou mto dorido….
Vamos ter que ser positivos para que o nosso Mocambique possa melhorar pois o potencial é grande para tal……
Beijinho João
Brito Gouveia
Tinha o desejo e a esperança de ver o “nosso” inesquecível Moçambique cada vez mais desenvolvido e próspero, mas infelizmente os actuais acontecimenros e a guerra no norte do país, constituem uma grande desilusão, resultante da cobiça pelas suas riquezas, com consequências devastadores, desilusão e grande sofrimento do seu povo.
Fortunato Sousa
Sem mais comentários, apenas isto João:
Parabens pelo teu artigo.
carlos@craveiro.pt
Ao que o meu Moçambique chegou, nunca pensei…. Nasci, fui criado e educado em Moçambique. Devido ao meu serviço na FAP conheci Moçambique de uma ponta à outra. Havia uma grande miscigenação e alegria entre os povos. No Norte, muito próximo de zonas perigosas cheguei a ir à caça com negros, sem receio algum por parte destes. A independência tal como foi dada pelos esquerdistas sem respeito pelas populações, deu no que deu e o resultado tem sido o que está à vista de todos. Só a Frelimo, incompetente e sem princípios humanos é que ficou a ganhar.
Cumprimentos,
antonio ughetto
.Muito triste. Eu sou no mínimo a 4ª geração, muito dos meus antecessores e amigos estão sepultados em Moçambique, Posso dizer que deixei parte de mim nesse País.. Tenho boas recordações das minhas vivências da família e dos amigos. Infelizmente a partir de 1963 aos poucos tudo se foi desmorenando……
Arnaldo Pereira
Comentar? O quê?
Perante os factos aqui narrados – e não está tudo dito… há mais! -, para nós, que lá nascemos, crescemos, nos formámos e vivemos num verdadeiro paraíso, é mais que uma tristeza, é uma desgraça, é uma hecatombe… sem razão.
E cuja explicação só pode estar alicerçada na ganãncia, que dá origem à corrupção, que leva a toda a sorte de crimes sobre os mais desprotegidos e que não são da “cor política” da classe dominante… ou a todos aqueles que ousam opor-se-lhe!
Sinceramente, não vejo solução nem a médio prazo (muito menos a curto).
Nem sei, mesmo, se (como cita um comentador) daqui a cem anos Moçambique viverá na paz que as suas gentes merece.
ABM
Isto são coisas lamentáveis mas passageiras. Não tenho dúvida que daqui a cem anos estará tudo resolvido.
Francisco
Estas noticias entristece-me e pelos vistos o governo não está a comportar-se como deveria ser.
Espero que ainda vá a tempo de retratar-se tomando medidas para acabar com esse terrorismo islâmico.
Antonio Mendes
É uma tristeza… como é possível? Os políticos só olham os seus interesses, mas por este andar eles próprios também vão sofrer as consequências, só que doutra forma.
Cumprimentos,